terça-feira, 21 de setembro de 2010

Amélia não tinha a menor vontade!

Ontem eu fui dormir cedo pra acordar logo. Eu gosto de ir à padaria cedinho. A padaria é a casa do padeiro, eu acho que ele nunca sai de lá.
Na padaria tem uma pessoa pequena, meu vizinho diz que ela é anã, mas é mentira, o nome dela é Amélia. Eu gosto de fingir que vou sentar em cima dela, HAHAHAHAHAHA, mas ela não gosta não, eu acho. Eu queria fazer sexo com ela, eu penso que seria acrobático, Seu Oliveira disse que acrobático é aquilo que a gente não consegue fazer porque não tem força, mas eu não posso fazer sexo acrobático com ela não porque eu tenho uma namorada, mas ela não é pequena não, HAHAHAHAHAHA, se ela fosse pequena ia ser engraçado.

Mas na padaria não vende só pão não. Lá tem camisinha e cigarro. Camisinha é uma coisa que parece e tem gosto de chiclete, mas é um plástico que você usa pra não ter que fazer um plano de saúde, foi a mãe do meu vizinho que disse. A mãe do meu vizinho já tirou a roupa pra mim. Ela disse que quando a gente perde num jogo tem que tirar a roupa. Eu nunca mais quero ganhar dela, ninguém deve conseguir ser acrobático com ela. Todo dia eu compro camisinha e cigarro, mas lá não vende maconha não. Eu perguntei certa vez e me mandaram falar baixo, mas eu nem estava ouvindo música, eu nunca entendo vocês. Meu vizinho diz que eu sou estranho porque compro isso na padaria, mas eu também não entendo isso, mas acho que é porque a mãe dele nunca comprou camisinha na padaria.

Eu conheci uma pessoa que se chama Basílio. Ele é amigo de Seu Oliveira, mas eu não sei se ele é meu amigo também não. Seu Oliveira disse que a padaria não vende camisinha pra ele não. Eu penso que o padeiro quer que ele tenha um plano de saúde. Eu não sei se o padeiro tem raiva, ou se se preocupa com ele. HAHAHAHAHA, eu estou lembrando de Basílio ao lado da anã, HAHAHAHAHA, eu acho que se ele fizesse sexo com ela ia ser acrobático de verdade, mas eu penso que o padeiro devia deixar ele comprar camisinha antes. Seu Oliveira disse que se ele comesse (é fazer sexo com outra palavra) Amélia, ele a mataria, mas eu acho que ele não é um assassino. Mas se ele quiser botar tudo, digo, botar tudo a perder, eu acho que ele mataria mesmo.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Voltei

Voltei. Algumas pessoas choraram, esperaram ansiosamente e até uivaram (os lobos uivam, eu acho, e as mulheres “gemedêras” – essa palavra não existe, eu já procurei, mas P.A. diz que existe. Ele diz que mulher gemedêra é a que não suportar “apanhar e calar”, mas eu não entendo. Como uma pessoa pode apanhar calada?), meu vizinho que falou. Não pranteiem, terráqueos, não se descabelem, carecas são horríveis! Que seu Oliveira não escute (é engraçado falar “escute” quando, na verdade, seria “leia”, mas eu não entendo, nunca, vocês). Ele não gosta de ser ofendido, mas também não gosta de muita coisa.

Voltei porque minha namorada disse que queria dormir comigo, mas nessa noite ela dormiu mesmo. Eu acho que isso é errado, eu aprendi que quando uma namorada quer passar a noite com você, ela não pode dormir, foi meu vizinho que disse. Ele disse que não dá pra fazer sexo com ela dormindo, mas eu fiz e ela não gritou – eu acho ela não é gemedêra. Tive que ficar olhando ela dormir até hoje. Meu vizinho disse que eu sou tabacudo (tabacudo deve ser uma pessoa que tem um tabaco grande, mas eu não tenho tabaco, Seu Oliveira disse que também usa tabaco e é por isso que ele não consegue respirar. Eu acho que ele usa errado. Eu acho que ele é um travesti) e que eu devia ser gaiêro, porque gaiêro pode fazer sexo com as pessoas acordadas. Mas eu gosto de vê ela dormir.

Ela disse que gosta de dormir, eu acredito. Eu acredito nela. Acreditar é botar a consciência pra dormir, eu ouvi. Pode até ser, e se for, que ela continue dormindo, eu não gosto de chorar. Eu já vi ela chorando, mas eu não pude fazer nada. Eu tive que pôr minha consciência na cama de novo, e cantar “boi da cara Preta”, que é uma música de terror pra você dormir mais rápido. E tem também a do “atirei o pau no gato”, mas o gato não morreu e eu não gosto de gatos. Eu gosto “da cara Preta”. Enquanto a consciência dorme com ela, eu deixo meus olhos abertos, pra ver os dela fechados.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Sobre balões


Jogo é uma coisa que foi feita pra gente ganhar. Eu aprendi a jogar (mas jogar, nesse sentido, não quer dizer que você deve arremessar nada). Eu só não consigo ganhar porque eu não sou bom, eu acho. Eu aprendi a jogar dominó, primeiro. Eu fiquei enxergando uns homens que estavam jogando dominó na parada e quis aprender, mas eles não gostaram de mim e jogaram bolinha de papel na minha cara. Eles me chamaram de peru, mas eu penso que eles nunca viram um peru. Meu vizinho não quis me ensinar a jogar dominó porque ele diz que é jogo de taxista, mas a mãe dele me ensinou. Ela disse que se eu ganhasse, ela tiraria uma peça de roupa, mas eu não ganhei e ela tirou mesmo assim. Eu acho que os homens da parada não sabiam jogar direito.

Seu Oliveira disse que tem gente que adivinha quem vai ganhar um jogo, antes dele começar. Eu não acredito, mas ele diz que é verdade. Ontem eu tive que dar 30 reais ao meu vizinho, porque ele disse que ia chover e eu não acreditei. Eu descobri que ele roubou. O céu fica cinza quando vai chover. Eu soube, também, que quando a gente toma banho e não se enxuga a água some do mesmo jeito. Aí ela vai pro céu e o céu fica cinza. Depois ela cai de novo. Eu acho que ela também não gosta de cinza. O céu é a casa de Deus (o pai dos padres). Deus é dono de tudo, mas ele deixa a gente jogar também. Lá na casa dele não chove por que é depois da chuva.

Vai começar o São João. São João é um nome de homem, mas meu vizinho disse que é uma festa. Uma festa que tem bomba e fumaça. Eu penso que isso é guerra, mas ele disse que não é, porque tem comida. Eu acho que eu vou gostar do São João, porque todo mundo faz uns quadrados de papel, cortados no meio e pendurados numa corda. E tem balões de mentirinha também (quando a gente olha de longe parecem estrelas). Eu só não entendo porque os balões são todos amarelos e verdes. Eu vou mentir de pensar que eles são para o dia dos namorados. Eu penso que seria melhor. Namorar é quando a gente não quer mais pensar em mais de uma mulher, meu vizinho disse que é bom namorar, por que a gente dorme com uma mulher. Eu já dormi com uma mulher. É engraçado dizer que dormiu com uma mulher, porque a gente nunca dorme.

Seu Oliveira disse que a mulher também é um jogo, mas eu não aprendi a jogar esse ainda não. Nesse eu queria ganhar, mas eu acho que vou ter que roubar. Eu vou fumar cérebro de abutre. Quando eu ganhar a mulher, eu vou soltar um balão de verdade pra ela. Mas não vai ser nem verde, nem amarelo. Vai ser de todas as cores.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

O carrapato do elevador

Deve ser esquisito ser mulher. Eu notei, depois de um tempo, que elas têm mudanças constantes de humor. Meu vizinho disse que humor significa vontade. Eu não entendi logo, só depois de uma observação mais detalhada. Quando a mulher está com o humor ruim, ela nunca quer o que o homem quer, nesse caso, como me aconselhou Oliveira, deve-se agir ao avesso. Por exemplo, se o homem quer ir à praia, ele deve dizer que a única coisa que ele não quer, é ir à praia. Ela vai querer ir à praia. Ou, se o homem não quer urinar em cima dela, ele deve falar que quer muito urinar em cima dela. Ela vai mandar você fazer sexo com o cú.

Meu vizinho disse que essas variações são mais constantes quando a mulher vai ficar de boi. Eu não sei como uma pessoa pode ficar de boi. Seu Oliveira disse que as terráqueas ficam de boi quando elas sangram. O homem também sangra, mas não é todo mês, como a mulher. É estranho sangrar sempre. Quando a mulher não sangra é porque ela vai fazer um humano, ou porque ela vai ter que ir ao ginecologista.

Deve ser bom ser ginecologista. Eu não conheço um, mas ele deve ser muito sabido. É engraçado, porque ele ensina à mulher o que fazer para não fazer filho, eu não sei o motivo.

Eu conheci um homem que mora no elevador. Ele fica apertando os botões para todo mundo. Eu acho que ele pensa que ninguém sabe apertar botões. Ele disse que queria fazer sexo com uma mulher de boi e com uma criancinha. Eu penso que ele é maluco, mas ele gosta de futebol e não gosta de peidos. Ele disse que os humanos só falam com ele para dizer que está calor ou frio, só que ele disse que consegue descobrir só.

Ele falou também, que tem uma gatinha no oitavo andar que não pode ver ele. Eu penso que ela é cega, mas eu não gosto de gatos.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Saudade

Eu ouvi uma música que fala de saudade, mas não era samba não. Sempre que eu tiver saudade eu vou escutar ela. Meu vizinho disse que sou Emo. Descobri que Emo é um franguinho (esse nome é engraçado porque é o nome de um animal pequeno, mas é usado pra chamar outro terráqueo de gay) que tem franja e é dramático. Ser dramático deve ser chorar no escuro. Foi meu vizinho que disse. Mas um feiticeiro falou que dramático é quem goza chorando. Gozar é um negócio que as pessoas ganham quando fazem sexo. Eu acho que tem gente que não gosta de ganhar. Meu vizinho chama de leitinho, mas não tem o mesmo gosto não.

Eu conheci saudade ontem. É uma coisa que se usa pra ficar calado. Eu gostei de saudade, mas eu tive que escolher uma pessoa pra sentir falta. Sentir a falta é não ver mais essa pessoa. Eu não gostei de sentir a falta, mas meu vizinho falou que é bom porque quando a saudade se vai a gente fica rindo.

Meu vizinho disse que eu era heterossexual porque eu escolhi uma mulher para sentir falta. É bom não ser gay, eu acho. Eu só não acho quando as pessoas ficam rindo porque eu me visto de terráquea. Eu devo ter cara de terráqueo. A roupa da mulher é divertida, mas eu nunca consigo me vestir sozinho. Eu tenho que usar roupa de mulher gorda. Eu acho que eu não vou mais me vestir de mulher.

Eu fumo quando sinto saudade. Foi seu Oliveira que mandou. Ele disse que é bom, mas tem gente que não acha. Eu não gosto de fumar. Irmão Waldir disse que eu vou ficar preto, por dentro, se eu ficar fumando. Ele disse também que era coisa do malígu (malígu é um rapaz que não gosta do pai dos padres, eu acho que ele tem razão). Mas eu acho que a saudade é preta também.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

PORRADA NOS FAQUIRES!

Se eu morresse viraria um Brâmane, eu acho. Eu não tenho pecados porque eu não sou humano. Mas meu vizinho tem muitos pecados. Eu acho que ele vai virar um pombo. Ser pombo é engraçado e parece com a lagartixa. Eles só dizem sim. Eu disse isso a ele, mas eu acho que ele não gostou, eu não sei. Ele disse pra eu pegar a pomba dele, mas eu não sou gaiêro, ainda mais do meu vizinho. Esse negócio de transfiguração é engraçado, mas os gregos chamavam por outro nome, metempsicose, eu acho esse nome feio. Quem me disse isso foi seu Oliveira. Eu não compreendo o motivo pra chamar alguém assim, seu Oliveira, já que eu não estava falando com a mulher dele. Mas ele me disse que eu poderia falar com a mulher dele em qualquer centro espírita. Eu acho que ela é muito rápida. Nós estávamos indo para Bezerros, mas não é o animal não, é um lugar. Eu acho que não se pode dizer que vai para uma coisa.

No caminha a gente viu um bocado de gente com bonés e bandeiras vermelhas. Eles estavam queimando pneus no meio da rua. A gente teve que parar e esperar a polícia bater neles. Foi divertido. Oliveira disse que eles queriam terra. Eu não sei o porquê, mas tinha um bocado de terra lá. Eu acho que eles não podiam ver. Tem gente que não pode ver. Deve ser triste não enxergar. Eu acho que eles vão virar sapos quando morrerem. Seu Oliveira disse que eles pecam muito e que são desocupados.

Ele disse mais. Que eles eram pinguços. Só descobri hoje o que é pinguço. Eu não sabia que tem gente que bebe para ficar maluco por um tempo. Ele disse que isso também é pecado. Eu descobri que há muitos pecadores. Acho que só vai ter bicho, daqui a algum tempo. Eu não sei que bicho os pinguços vão virar, mas eles não podem ser camelos. Oliveira os chamou de esponjas, mas eu acho que ele não sabe que esponja não é um animal, só se for do mar.

Eu penso que nós deveríamos matar todos os animais. Mas meu vizinho disse que o Greenpeace não deixa. Ele deve ser muito forte. Mas eu acho que deveria. São todos pecadores. Eu acho que quem virou um verme deve ter pecado mais. E quem não tem pecado vira um Brâmane. Eu queria virar um Brâmane. Meu vizinho me falou que eles podem bater nos Faquires (Faquir é outro nome pra mendigo, mas um mendigo que parece um padre, só que mais sujo). Deve ser legal poder fazer isso. Oliveira disse que eu pareço um Faquir gigante, mas eu tomo banho.

Eu acho que padre vira Brâmane, mas meu vizinho disse que eles viram Jesus. Jesus é uma coisa engraçada. É uma espécie de mendigo ao contrário. Ele sai dando tudo que pedem a ele. Carro, saúde, mulher... Eu acho que ele não dá tudo porque ele não tem pecados, foi o que o meu vizinho me disse.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

VELHO SAFADO

O trajeto é meio estranho e cheio de curva. Eu decorei por que eu me perdi. Se perder é sempre confuso, isso eu já aprendi. Mas eu gostei de trabalhar numa Xerox. Se eu fosse um mendigo eu ia pedir dinheiro lá. Tem muitas moedas lá. E muito papel também. Mas ser escritor também é legal, só que não dá tantas moedas. Na volta eu não me perdi. Eu voltei com um velho que tinha os cabelos pintados. Ele me contou que tinha feito sexo, com a esposa dele, no ônibus. Eu não sei como a conversa chegou nesse assunto, mas eu acho que ele é safado. Eu acho que ele vai morrer logo mais, por que ele já está encolhendo. Eu descobri que quando as pessoas encolhem, elas estão morrendo. Ele disse que o cobrador não valia nada.

O velho não sabia o meu signo, mas acha que é touro. Eu não entendo signo. Tem também o Horóscopo, ele me disse que Horóscopo diz o que vai acontecer com cada pessoa. Eu acho que ele deve ser um profeta. Eu já li Horóscopo. No meio do caminho eu vi um gato e sai correndo atrás dele, mas o velhinho disse que tinha um mais bonitinho na casa dele, pra eu pegar. Mas não era gato não, era uma pitoca. Eu acho que ele é safado mesmo. Eu saí correndo. Na casa dele tinha um aquário sem água e cheio de rã. Eu penso que deveria ter peixe, mas meu vizinho falou que peixe só tem no rio. Mas eu acho que vai acabar os peixes e as rãs do rio. Mas eu acho que tem no mar também. O velho tem a pitoca enrugada.

Amanhã eu não vou mais trabalhar na Xerox por que eu quis pegar no peito de uma mulher. Ela não gostou, mas a minha vizinha gosta. A mulher da Xerox me bateu com uma revista que se chama “Caras”. Caras, nesse sentido, não quer dizer várias pessoas, eu acho. Eu não sei como ela conseguiu me acertar sem poder ver. Eu acho que era mentira dela. Só pra não entrar na fila. Meu vizinho disse que nunca enfrenta filas por que é deficiente moral. Eu não entendi.

Tem um doido aqui na rua que fica cantando e andando de bicicleta. È feio andar de bicicleta (tem terráqueo que chama de brisciqueta, eu riu). Ele canta qualquer música que você mandar, mas canta sem ninguém mandar também. Eu gosto quando ele fica imitando o pato Donald, é legal. O pato Donald também não deve gostar de padres. Esse doido tem cheiro do cocô de vocês. Meu vizinho disse que era cheiro de Agamenon Magalhães, eu não entendo.

Ontem eu aprendi o que é discriminação. É uma coisa que os terráqueos usam pra fazer os outros chorarem ou ficarem com raiva. Tem gente que gosta de fazer isso com gay, tem gente que faz com pobre e tem gente que faz com um bocado de coisa. Mas eu vi que tem gente que faz isso com mendigo. Eu gosto de mendigo. Tem um que não tem mais a bola do joelho e pede dinheiro por que não pode trabalhar. Mas eu acho que ele tem sorte. Eu também não posso mais trabalhar na Xerox. Eu achava legal ficar olhando a bunda da senhora que me deu moedas, quando disse pra eu não voltar mais.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

NEM POODLES, NEM BANGUELAS.

Tem uma estrela engolindo o meu planeta, foi doutor Hubble que disse. Tomara que não engasgue. Eu não vou poder mais voltar pra lá, mas eu não queria mesmo. Doutor Hubble é uma espécie de profeta que vê o que acontece no meu mundo. Ele não conta conversa pra boi dormir, como meu vizinho disse. Eu queria saber contar conversa pra boi dormir, deve ser legal. Eu nunca vi um boi deitado. Só o camelo, mas o camelo é feio pra burro (essa expressão é confusa, por que ele também é feio pra mim). Um moço disse que tinha um urso engolindo minha mãe ontem, mas eu acho que ele não sabia que era uma estrela. Esse moço não gosta quando a gente derrama cerveja nele. Eu não sei, mas ele devia ter perdido dinheiro na rua. Meu vizinho fica assim quando perde dinheiro na rua. Esse moço estava no ônibus

Eu conheci uns duendes hoje. Eles são negros e fazem macumbas (ritual fortemente ligado à vingança, segundo Irmão Waldir, que se diz filho de Deus). Tem gente que diz que as pitocas deles são as maiores do mundo, mas o tio do meu vizinho disse que elas têm um tamanho normal. O fato dos duendes não crescerem é que faz com que as pitocas fiquem desproporcionais. Deve ser interessante ver 13 duendes fazendo sexo. Eu queria filmar.

Eu detesto ônibus, ele é tão ridículo quanto um poodle ou uma banguela. Devia ter mais de um ônibus na rua, porém nunca deveria haver mais de um poodle ou mais de uma banguela. Eles fedem, eu acho. Eu li que tinha um rapaz num ônibus que não gostava de joelho. Joelho é uma coisa bizarra. Eu também não gosto de joelho. Um humano ficou encostando o joelho nele e ele matou o menino do joelho. Eu acho que ele fez certo. Meu vizinho disse que não. Mas eu acho. Ele disse que eu dou o cú. Mas eu num dou não.

Hoje eu conheci o tecno-brega. A batida mais louca e frenética de Belém do Pará. Minha vizinha gosta de brega. Ela disse que é só putaria, mas eu não entendo. Disse-me, um dia, que puta era feio. Eu não sei, mas é divertido e as nêgas endoidam. Nêga é um sinônimo para mulheres sem pai. Eu não sei dançar brega, foi o que me revelaram. Eu não acho puta feio. Tem um lugar que só tem puta. Puta é a mãe de um monte de gente. Meu vizinho me fala direto dos filhos dela. Eu acho que ele não gosta muito deles. Eu conheço só um, eu acho. Eu gosto de puta, só não gosto de comunista. Eles vestem vermelho, falam alto e pensam que estão certos. Eles têm muitos companheiros. Meu vizinho disse que comunista é macho, mas eu penso que não.

Eu vi uma gorda. Eu não quero nunca ver essa gorda nua. Deve ter suor embaixo dos peitos dela. Isso eu queria ver. Todo gordo é alegórico. Eu gosto de gordo, mas eles ocupam muito espaço. Sempre que eu vejo um gordo eu me lembro de maionese e coca-cola light. Minha vizinha sempre compra duas pizzas grandes de calabresa e uma coca-cola light quando está de regime. Ela diz que vai ser gostosa. Eu não acredito, por que ela é feia e velha, mas o filho dela não acha. Mas tem gente que come muito e é bonita. Eu conheço uma terráquea que come muito e é bonita, mas eu não falo direito com ela por que ela dorme muito, ou pra sempre. Eu gosto dela.

sábado, 22 de maio de 2010

PITOCA

Meu vizinho tem pitoca. Eu nunca vi, mas ele disse que tem. Eu já vi uma pitoca no computador, mas eu já vi de verdade também. Eu pedi ao padrasto do meu vizinho pra me mostrar, mas ele me chamou de gay. É engraçado gay, mas eu não queria ser gay. Meu vizinho disse que não é bom. Ele falou que era feio, eu não sei se é feio, eu nunca vi um gay. Eu nunca vi nem gay, nem anão, mas um dia eu vou ver, deve ser engraçado.

A pitoca levanta sozinha, mas tem gente que não consegue. A do meu vizinho levanta às vezes. Só quando ele está com a mãe dele. Ele gosta de fazer sexo com ela, mas eu não sei aonde a pitoca entra nessa história. É divertido ver ele fazer sexo com ela. Eu riu. Ela fica falando coisas que eu não entendo. E ele também. Ele fala “cachorra” e bate nela e ela gosta. Rararararara. Eu acho que ele não sabe que o nome certo é cadela. A pitoca dele não sobe sozinha quando ele usa cocaína. Ele disse que cocaína é bom. Eu não sei. Ele toma Viagra quando usa cocaína, mas eu descobri que ele pode ficar surdo (uma vez um menino me disse que môcu era a mesma coisa do que surdo, e maluvido também, eu acho vocês engraçados). Eu perguntei a uma amiga o que ela achava da pitoca. Ela disse que era meio indígena. Eu não gosto de índio. Índio faz muito barulho e fica rodando. Eu fico tonto. Ela disse também, que a pitoca é meio masculina e meio feminina. Eu acho que ela não sabe que só homem tem pitoca. Mas eu vi uma mulher que tem os dois. Eu achei bonito. Eu queria ter os dois. Meu vizinho disse pra eu nunca falar isso. Depois ela disse que tava com calor e que queria água. Eu acho que índio dá sede. Eu não sei, eu não gosto de índio. Eu li que os portugueses também não. Eles tentaram matar os índios, mas não conseguiram. Eu penso que eles deveriam ter conseguido.

Hoje eu conheci um mendigo. Mendigo é engraçado, ele é pobre. Pobre não tem dinheiro pra comprar nada, rarararara, isso é engraçado. Meu vizinho chama ele de Manolo. Eu gosto de chamar pessoas de Manolo. Ele diz que Manolo gosta de baga. Eu acredito. Eles só pedem trocados, mas quando a gente dá uma baga (é o nome que se dá à maconha, quando ela quer acabar) eles ficam pulando. Eu acho que eles têm pitoca. Eu gosto de mendigo.

Meu amigo, que se chama Neylton (é engraçado se chamar Neylton), disse que pitoca é o que o asa enfiou no Sport. Esse asa deve ser safado. Têm muita gente safada, eu acho. Neylton é engraçado. Ele é de alagoas. Meu vizinho disse que ele conta piadas que não tem graça, mas que ele rir por que é sem graça, eu não entendo. Vocês são estranhos. Eu quis contar uma piada uma vez, mas ninguém riu. Quando eu cheguei na minha casa meu vizinho me falou que não era engraçada.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

"METI BAYGON NA GIA!"

Eu nunca entendo nada. Eu pensava que vocês, humanos, eram mortais. Minha cabeça está confusa. A mãe do meu vizinho sempre me diz que está com o pé na cova e que vai morrer, mas eu nunca vi uma cova no pé dela. Eu acho que ela é meio maluca (segundo meu vizinho, maluco é quem não sabe o que faz. Eu não sou maluco por que eu sei o que eu faço. Eu sou um escritor – é engraçado ser escritor). Ela me falou que morrer é dormir pra sempre. Eu nunca dormi, eu não gosto de escuro. Quando eu cheguei aqui estava escuro e eu ainda não conhecia o escuro. Meu vizinho disse que ela é velha e que velha é uma pessoa enrugada. Eu me lembrei dela por que ela é casada com um homem que tem a metade da idade dela e eu descobri que agora ela não é mais imortal, por que ela morre no final. Mas ela já sabe disso, por que ela diz que está com o pé na cova. Eu descobri isso sozinho. Foi no site da BBC. Lá diz que se a diferença de idade entre o casal for grande, as “chances de mortalidade aumentam”. Eu não sei se é verdade, pois eles não dizem o motivo. Além do mais essa pesquisa foi feita na Dinamarca, por alemães. E lá é frio. Eu só gosto do frio quando faz calor. Se um dia eu casar com uma terráquea ela vai ter a minha idade, que é pra chance de mortalidade dela ser nula, mas eu não sei a minha idade. Acho que vai ser difícil.

Meu vizinho diz que os velhos não são felizes, mas uma moça do Times disse que eles são. Eu acredito nessa moça, ela não deve ser igual a Deus. Até por que Deus tem barba e eu não confio em humanos de barba. Nem no papai Noel.

Hoje de manhã disseram-me que eu era sarcástico, eu não sei o que é sarcasmo, mas os cientistas já estão testando uma coisa que detecta o sarcasmo. Eu espero que detectem logo. Não vejo a hora de saber o que é isso. Espero que seja bom. Também me falaram que a mãe do meu vizinho é uma gaiêra – eu não sei se é assim que se escreve – mas eu já sei o que é, mas não foi no dicionário que eu achei, foi em um programa de televisão. Gaiêra é quem faz sexo com uma pessoa que não é sua. É engraçado. Eu quero ser gaiêra um dia. Essa palavra não está no dicionário por que não existe. É muito difícil de entender isso. Se não existe, como a gente sabe o que é? Eu num sei, mas o instituto de Cervantes lançou um concurso de palavras que não existem, mas que todo mundo sabe o que é. Só pra elas existirem no dicionário. Rarararararararara. Isso é muito engraçado.

Meu amigo disse que eu era um gerontófilo por que eu quis fazer sexo com a avó dele sem ela querer. Eu ainda não sei o que é gerontófilo. Quando eu estava lá, ela me falou uma frase engraçada. Ela disse que tinha um bicho na escada e depois disse, “meti baygon na gia!”. Rararararara, essa frase é engraçada. Baygon é um veneno pra matar gia, eu acho.

EMBUTIDOS

Essa palavra foi, de longe, a que mais me chamou a atenção hoje de manhã. Vocês brasileiros tem uma mania curiosa de empregar o sentido de uma palavra, aparentemente inocente, com uma conotação pejorativa ou cômica. Desde que cheguei a este planeta não havia me deparado com esse tipo de fenômeno.

Todas as manhãs eu costumo folhear algumas páginas na internet. Embora não entenda o motivo de quase nada, acho tudo interessantíssimo. Os humanos são interessantes. Por exemplo, hoje, na página do G1, estava em destaque o seguinte: “Embutidos aumentam o risco cardíaco”. Veio-me logo à cabeça a lembrança de uma semana passada. Eu estava andando com um terráqueo que ia me levar a um lugar muito popular aqui no recife, a boca-de-fumo, que é um nome engraçado para uma loja escondida. Logo quando dobramos a esquina ele me apontou uma moça muito estranha (ele chama de bizarro aquilo que é estranho, eu não gosto dessa palavra). Ele apontava e ria. Depois me disse que era uma embutida. Eu menti, dizendo que sabia e dei uma risadinha. Eu peguei esse costume, que não compreendo, com vocês. Vocês não gostam de não saber e sempre fazem isso.

O dicionário me disse que embutido significa,(francês emboutir)
v. tr.
1. Introduzir em abertura ou num vão.
2. Marchetar, tauxiar.
3. Meter à força.
4. Pop. Impingir; engolir.
Embutido
s. m.
1. Obra de marchetaria.
2. Obra de mosaico.
3. Cada fragmento desses trabalhos.
adj.
adj.
4. Marchetado.
5. Introduzido à força.

Continuei não entendendo. Um vizinho me ensinou, falando-me que embutido também poderia ser aquilo que parece ser mais não é. Não consigo saber nada sobre aquilo que parece ser, mas não é. Não acho que não existe uma coisa que não seja, por que se não é uma coisa, ela é outra. Vocês fazem muita confusão.

Quando eu cliquei na coluna em destaque apareceram salsichas. Aí deu um nó na minha cabeça (como se pode dar um nó na cabeça?). Por que salsicha é embutida?
Eu não sei. Meu vizinho me disse que existem até padres embutidos. Esses homens que vocês chamam de padres são medonhos. Usam sempre a mesma roupa e vivem sós. Ouvi falar, um dia desses, de uma lei chamada celibato que não deixa esses padres chegarem perto de mulheres e crianças. É diferente, mas eu não queria ser padre. Dizem que chefe deles é um senhor muito duro chamado Ratzinger. E todos eles são irmãos. O pai deles parece que se chama Deus. Eu Não acredito nisso, são muitos padres. Hoje eu li que um padre anda deprimido com a solidão e não quer descontar nas criancinhas. Foi um desabafo sincero. Eu achei. Ele quer acabar com essa tal lei do celibato. Eu acho, também, que deve acabar. Eu li ontem a noite uma lista com as dez prostitutas que mudaram o rumo da história. Uma matéria publicada na revista Galileu, que foi retirada do mental floss (esse site é legal). Ela fala de um rapaz “Mike Jones: o herói dos homossexuais”. Ele fazia sexo com um religioso embutido. Nesse sentido, assim aprendi, embutido quer dizer que ele dizia que não fazia sexo com o Mike Jones. E Jones, com muita raiva (sentimento que não gostei. Me deixa vermelho), disse o que eles faziam, numa rádio, e esse religioso foi expulso. Disseram que ele agora não é mais filho de Deus. Eu não entendo como um ser pode deixar de ser filho assim. Eu acho melhor acabar com esse negócio de celibato, se não Deus vai desfazer um monte de filhos e as crianças nunca vão poder visitar a igreja, que é onde moram esses homens que não trocam de roupa e andam sós.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

SOBRE MIM E COMO CHEGUEI AQUI.

Antes de nada mais, meus terrestres receptores, quero falar um pouco de mim. Não só quero como vou, por que quem quer e não pode é necessitado ou reprimido. Cheguei recentemente a este planeta, se pudesse teria pousado meu disquinho antes. Foi lá nas proximidades da cidade de Jarf, deserto leste da Jordânia, que tive meu primeiro contato com terrestres.

De cara fiquei espantado com o tamanho dos “caras” – como se chamam as pessoas aqui no Brasil (sempre achei muito estranho chamar as pessoas por uma parte do seu próprio corpo) – que têm, mais ou menos, 50% da estatura média dos nativos do meu plano. Andamos quase 10 becks, uns 10 km terrestres, até encontrarmos quatro jovens em volta de uma fogueirinha com um instrumento musical peculiar chamado cavaquinho, que mais tarde viria a conhecer e até a arriscar botar os dedos. Eles falavam um idioma estranho e puxavam para dentro dos seus corpos uma fumaça estranha e cheirosa, que posteriormente soube que se chama “maconha”. Quando consegui me comunicar pela primeira vez com os meus compatriotas falei muito dela, mas eles riam e não compreendiam o porquê das pessoas usarem. Eu também não compreendo, mas arrisco que deve ser para perder alguns anos temporariamente, já que vocês cultivam certo receio à velhice. Não me lembro exatamente se consegui me comunicar com as pessoas da fogueira. Depois que cheguei aqui ando muito esquecido, mas me lembro que eles não falavam português e cantavam um sambinha brasileiro no idioma local. Assim que cheguei à cidade notei um grande descontentamento e uma ponta de preocupação nas pessoas, não sei se por nossa chegada ou se pela interrupção nas redes de comunicação do país, que só iria compreender depois, quando dominei o idioma do lugar.

Passei alguns dias nessa cidade e mais tarde resolvi desbravar o país que dera origem ao instrumento engraçado que marcara a minha chegada. Tive que ir ao aeroporto (o sítio que vocês vão para fazer vôos de pequenas distâncias) apanhar um avião, já que não tinha como fazer a revisão do meu disco. Cheguei ao recife no 01/05/2010. Essa cidade tem um cheiro divertido, lembra a urina de vocês. Foi no Recife que eu conheci o maracatu, o frevo e a avenida norte. Um pouco mais pra frente conheci o ego de Lula e o do Fred 04, depois conheci o samba (motivo de minha jornada), o axé (que quando as pessoas dançam parecem confirmar a teoria de Darwin), a cachaça, a corrupção e o Cristo redentor.

Hoje, moro em Recife, não por opção, e trabalho como escritor extraterrestre, não é lá um trabalho muito digno, mas tenho um certo reconhecimento, porque existe certo glamour em ser ET. Além disso, na maioria dos bares, é só você dizer que é escritor que logo alguém se oferece para pagar a sua conta, não que eu precise, mas sempre acham que eu preciso. Eu gosto disso. Pelo menos é melhor do que trabalhar lá em Kawah Ljem, um vulcão na Java oriental, respirando dióxido de enxofre na indonésia, como me informou o clarín esta manhã. Talvez seja melhor, também, do que ser travesti, se bem que agora eles podem ter nomes sociais em crachás de órgãos públicos federais, segundo a G1.

Vocês acham que é brincadeira? Não são apenas vocês! O jornal Al-Ghad publicou, em sua primeira página, falácias a respeito. Dêem um olhada.

Até breve!