quarta-feira, 19 de maio de 2010

SOBRE MIM E COMO CHEGUEI AQUI.

Antes de nada mais, meus terrestres receptores, quero falar um pouco de mim. Não só quero como vou, por que quem quer e não pode é necessitado ou reprimido. Cheguei recentemente a este planeta, se pudesse teria pousado meu disquinho antes. Foi lá nas proximidades da cidade de Jarf, deserto leste da Jordânia, que tive meu primeiro contato com terrestres.

De cara fiquei espantado com o tamanho dos “caras” – como se chamam as pessoas aqui no Brasil (sempre achei muito estranho chamar as pessoas por uma parte do seu próprio corpo) – que têm, mais ou menos, 50% da estatura média dos nativos do meu plano. Andamos quase 10 becks, uns 10 km terrestres, até encontrarmos quatro jovens em volta de uma fogueirinha com um instrumento musical peculiar chamado cavaquinho, que mais tarde viria a conhecer e até a arriscar botar os dedos. Eles falavam um idioma estranho e puxavam para dentro dos seus corpos uma fumaça estranha e cheirosa, que posteriormente soube que se chama “maconha”. Quando consegui me comunicar pela primeira vez com os meus compatriotas falei muito dela, mas eles riam e não compreendiam o porquê das pessoas usarem. Eu também não compreendo, mas arrisco que deve ser para perder alguns anos temporariamente, já que vocês cultivam certo receio à velhice. Não me lembro exatamente se consegui me comunicar com as pessoas da fogueira. Depois que cheguei aqui ando muito esquecido, mas me lembro que eles não falavam português e cantavam um sambinha brasileiro no idioma local. Assim que cheguei à cidade notei um grande descontentamento e uma ponta de preocupação nas pessoas, não sei se por nossa chegada ou se pela interrupção nas redes de comunicação do país, que só iria compreender depois, quando dominei o idioma do lugar.

Passei alguns dias nessa cidade e mais tarde resolvi desbravar o país que dera origem ao instrumento engraçado que marcara a minha chegada. Tive que ir ao aeroporto (o sítio que vocês vão para fazer vôos de pequenas distâncias) apanhar um avião, já que não tinha como fazer a revisão do meu disco. Cheguei ao recife no 01/05/2010. Essa cidade tem um cheiro divertido, lembra a urina de vocês. Foi no Recife que eu conheci o maracatu, o frevo e a avenida norte. Um pouco mais pra frente conheci o ego de Lula e o do Fred 04, depois conheci o samba (motivo de minha jornada), o axé (que quando as pessoas dançam parecem confirmar a teoria de Darwin), a cachaça, a corrupção e o Cristo redentor.

Hoje, moro em Recife, não por opção, e trabalho como escritor extraterrestre, não é lá um trabalho muito digno, mas tenho um certo reconhecimento, porque existe certo glamour em ser ET. Além disso, na maioria dos bares, é só você dizer que é escritor que logo alguém se oferece para pagar a sua conta, não que eu precise, mas sempre acham que eu preciso. Eu gosto disso. Pelo menos é melhor do que trabalhar lá em Kawah Ljem, um vulcão na Java oriental, respirando dióxido de enxofre na indonésia, como me informou o clarín esta manhã. Talvez seja melhor, também, do que ser travesti, se bem que agora eles podem ter nomes sociais em crachás de órgãos públicos federais, segundo a G1.

Vocês acham que é brincadeira? Não são apenas vocês! O jornal Al-Ghad publicou, em sua primeira página, falácias a respeito. Dêem um olhada.

Até breve!

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