quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Voltei

Voltei. Algumas pessoas choraram, esperaram ansiosamente e até uivaram (os lobos uivam, eu acho, e as mulheres “gemedêras” – essa palavra não existe, eu já procurei, mas P.A. diz que existe. Ele diz que mulher gemedêra é a que não suportar “apanhar e calar”, mas eu não entendo. Como uma pessoa pode apanhar calada?), meu vizinho que falou. Não pranteiem, terráqueos, não se descabelem, carecas são horríveis! Que seu Oliveira não escute (é engraçado falar “escute” quando, na verdade, seria “leia”, mas eu não entendo, nunca, vocês). Ele não gosta de ser ofendido, mas também não gosta de muita coisa.

Voltei porque minha namorada disse que queria dormir comigo, mas nessa noite ela dormiu mesmo. Eu acho que isso é errado, eu aprendi que quando uma namorada quer passar a noite com você, ela não pode dormir, foi meu vizinho que disse. Ele disse que não dá pra fazer sexo com ela dormindo, mas eu fiz e ela não gritou – eu acho ela não é gemedêra. Tive que ficar olhando ela dormir até hoje. Meu vizinho disse que eu sou tabacudo (tabacudo deve ser uma pessoa que tem um tabaco grande, mas eu não tenho tabaco, Seu Oliveira disse que também usa tabaco e é por isso que ele não consegue respirar. Eu acho que ele usa errado. Eu acho que ele é um travesti) e que eu devia ser gaiêro, porque gaiêro pode fazer sexo com as pessoas acordadas. Mas eu gosto de vê ela dormir.

Ela disse que gosta de dormir, eu acredito. Eu acredito nela. Acreditar é botar a consciência pra dormir, eu ouvi. Pode até ser, e se for, que ela continue dormindo, eu não gosto de chorar. Eu já vi ela chorando, mas eu não pude fazer nada. Eu tive que pôr minha consciência na cama de novo, e cantar “boi da cara Preta”, que é uma música de terror pra você dormir mais rápido. E tem também a do “atirei o pau no gato”, mas o gato não morreu e eu não gosto de gatos. Eu gosto “da cara Preta”. Enquanto a consciência dorme com ela, eu deixo meus olhos abertos, pra ver os dela fechados.

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